quinta-feira, 27 de maio de 2010

O MUNDO

IDOLATRADO, CASTIGADO

NO CÁRCERE DA SOLIDÃO

ALVEJADO, ORGULHADO

MURMÚRIOS DO CORAÇÃO


FOI PENSANDO, REPENSADO

O MUNDO DIZIA NÃO

ANALISADO, COMUNHADO

VIVER COMO IRMÃOS


IMAGINADO, FIXADO

O FUTURO DA GERAÇÃO

FOI PENSANDO, REPENSADO

O MUNDO DIZIA NÃO

IGUALITÁRIO, CENTENÁRIO

O MUNDO DA SOLIDÃO



Manoel Arruda

São Luís, Maio de 2010.

quinta-feira, 6 de maio de 2010

O (os) escorpião (ões)

Nascemos. Brincamos a infância toda com aquela inocência de menino atrás da bola, andando com os colegas da escola, os vizinhos, os primos. Crescemos sem pensar que um dia seremos adultos, e teremos problemas na vida como todo mundo. A inocência da juventude é perfeita. O mundo é realmente azul. As plantas, os pés de manga, as brigas de nossa mãe para irmos tomar banho, lavar o cabeço, escovar os dentes e depois termos que ir dormir cedo porque no dia seguinte tem aula. Tudo isso é verdadeiro, é concreto, é real. Fazemos amizades com os meninos da esquina, brincamos, crescemos juntos, estudamos na mesma sala, no mesmo colégio, na mesma cidade. Lembramos do galego ou do colega que tinha muita espinha, do amigo galopeiro e inquieto. Paramos e pensamos, é nosso destino ter amigos? Quem são nossos verdadeiros amigos? Esses que cresceram jogando bola comigo, ou aquele que conheci semana passada e já é comigo como nenhuma outra pessoa foi em 45 anos? A amizade é verdadeira na infância, porque desconhecemos os danos mundanos. Somos inocentes, não temos interesses que o mundo moderno abre em nossa mente.
Quando crescemos ganhamos responsabilidade. Olhamos para o mundo e percebemos o quanto ele é injusto, é caótico, é mesquinha e irreal. Temos vontade de mudar, de ajudar, de lutar por um mundo justo e melhor para todos, pensamos nas nossas futuras gerações. Percebemos que os amigos de infância já não são mais os mesmos. A peteca de 30 anos atrás já não brilha mais. O pé de manga envelheceu, a casinha em cima da árvore já não existe.
Os amigos? É, boa pergunta! Cadê os amigos? Às vezes sentimos tanta falta da infância, da inocência, do sentimento verdadeiro de amor que existia. O mundo corrompe as pessoas, destrói as almas, muda o destino dos bons corações. Tudo é real, só que agora é diferente.
Lembro-me sempre quando acontece algo decepcionante em minha vida da história do escorpião e do elefante, em que o primeiro precisava atravessar um rio, mas não sabia nadar, enquanto o segundo, como nadava bem, faria tranqüilamente a travessia. Com medo, mais convencido pelo escorpião de que o mesmo não lhe picaria e não lhe faria nenhum mal, o elefante deixou o escorpião subir nas suas costas e foi atravessando o rio. Ao chegar já seguro à outra margem, o escorpião ferroou e feriu o elefante que, lamentando-se, olhou para o ingrato escorpião, e perguntou: Porque fizeste isso? O Escorpião, sem nenhum remorso respondeu: eu sou assim, é de minha natureza trair!